Mapa Astral
Sinto que o mês presente me assassina
Mário Faustino
Sinto que o mês presente me assassina
as aves atuais nasceram mudas
e o tempo na verdade tem domínio
sobre homens nus ao sul de luas curvas.
Sinto que o mês presente me assassina,
corro despido atrás de um cristo preso,
cavalheiro gentil que me abomina
e atrai-me ao despudor da lua esquerda
ao beco de agonia onde me espreita
a morte espacial que me ilumina.
Sinto que o mês presente me assassina
e o temporal ladrão rouba-me as fêmeas
de apóstolos marujos que me arrastam
ao longo da corrente onde blasfemas
gaivotas provam peixes de milagre.
Sinto que o mês presente me assassina,
há luto nas rosáceas desta aurora
há sinos de ironia em cada hora
(na libra escorpiões pesam-me a sina)
há panos de imprimir a dura face
à força de suor, de sangue e chaga.
Sinto que o mês presente me assassina,
os derradeiros astros nascem tortos
e o tempo na verdade tem domínio
sobre o morto que enterra os próprios mortos.
O tempo na verdade tem domínio,
amen, amen vos digo, tem domínio
e ri dos que desfere verbos, dardos
de falso eterno que retornam para
assassinar-nos num mês assassino.
Mário Faustino
Sinto que o mês presente me assassina
as aves atuais nasceram mudas
e o tempo na verdade tem domínio
sobre homens nus ao sul de luas curvas.
Sinto que o mês presente me assassina,
corro despido atrás de um cristo preso,
cavalheiro gentil que me abomina
e atrai-me ao despudor da lua esquerda
ao beco de agonia onde me espreita
a morte espacial que me ilumina.
Sinto que o mês presente me assassina
e o temporal ladrão rouba-me as fêmeas
de apóstolos marujos que me arrastam
ao longo da corrente onde blasfemas
gaivotas provam peixes de milagre.
Sinto que o mês presente me assassina,
há luto nas rosáceas desta aurora
há sinos de ironia em cada hora
(na libra escorpiões pesam-me a sina)
há panos de imprimir a dura face
à força de suor, de sangue e chaga.
Sinto que o mês presente me assassina,
os derradeiros astros nascem tortos
e o tempo na verdade tem domínio
sobre o morto que enterra os próprios mortos.
O tempo na verdade tem domínio,
amen, amen vos digo, tem domínio
e ri dos que desfere verbos, dardos
de falso eterno que retornam para
assassinar-nos num mês assassino.