Antéchrista

Ceux qui croient que lire est une fuite sont à l'opposé de la verité: lire, c'est être mis en presence du réel dans son état le plus concentré - ce qui, bizarrement, est moins effrayant que d'avoir affaire à ses perpétuelles dilutions. [Amélie Nothomb: Antéchrista]

Antéchrista (2003) é o segundo livro de A. Nothomb que leio. O primeiro foi Dicinário de nomes próprios [Robert de noms propres (2002)] De ambos ficaram isso: por trás de histórias de adolescentes complicadas o real vai sendo cada vez mais intensamente percebido como um abismo de diluições sucessivas (simulacros?) que talvez levem osujeito a experimentar uma vertigem do raso. O ritmo da escrita muitas vezes colabora para isso.

O fato de as personagens serem meninas enfrentando os impasses típicos da adolescência, tentando descobrir/construir identidades, parece-me apontar para um problema de todos que, hoje, possam estar preocupados com a formação/educação de jovens. As tramas revelam (a despeito de uma delas ser biográfica, o que pelo contrário atesta a leitura) que ocorre não o eterno "conflito de gerações", nem uma "revolução juvenil" como a dos anos 60, mas uma mudança paradigmática nas condutas para a qual é urgente uma (nova?) ética.

Resta saber se são significativas, para se pensar essa profunda mudança de paradimas, as opções estéticas de Nothomb. As narrativas tendem à valorizar demais o drama interior das personagens, mas nisso não podem ser bem sucedidas devido não a superficialidade da questão (que não seria empecilho), mas o ritmo da prosa. Em contrapartida, a opção pelo drama interior sacrifica certa ironia social, que a despeito de ser pouco incisiva, existe e me parece o melhor gancho para leitura dos dois livros.

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