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Mostrando postagens de 2008

Motor e motivo da poesia de Oswaldo Martins

Publicado originalmente em Aguarrás , vol. 3, n. 16. ISSN 1980-7767. Rio de Janeiro, NOV/DEZ 2008. Cosmologia do Impreciso (Rio de Janeiro, 7Letras, 2008) é o quarto livro do poeta Oswaldo Martins e e, sem sombra de dúvidas, o mais maduro. Nele, o autor consolida uma poética que se fundamenta no profundo diálogo com as criações artísticas tradição ocidental, e que se desdobra na crítica radical do que, nessa mesma tradição, é interdito, é reflexo hipócrita dos condicionamentos morais. Essa trajetória vem conscientemente sendo percorrida desde seu primeiro livro, desestudos (2000), e se desdobra nos seguintes, minimalhas do alheio (2002), e lucidez do oco (2004), todos pela editora 7Letras. O intenso jogo dialógico aparece, em todos os títulos, como motor da poesia de Oswaldo Martins. É um desafio para o leitor desfiar os intertextos que cada poema instaura, não só com a literatura, mas também com a pintura, o cinema, a música, e toda forma de arte. Para exemplificar amplitude inter

Os acordes dissonantes e os imbecis

Que os intelectuais fossem os vigilantes, que alertassem, que interviessem no fórum era fundamental nas sociedades dos séculos XVIII e XIX, quando o fórum era muito pequeno, quando a liberdade de imprensa era reduzida. Voltaire tomar a palavra era decisivo. Quando o sufrágio universal não se realizava, que um escritor de renome falasse em nome dos esquecidos, dos sem voz era decisivo; (hoje) existem muitos grupos que tomam a palavra. Não há déficit de tomada de palavra em nossa sociedade. Existe, sim, déficit de compreensão. Ora, a vida intelectual concebe-se sempre como se ela fosse definida pela função de resistência, de tomada de palavra, de alerta. Mas ela se esquece de que seu verdadeiro trabalho é o trabalho da análise, de compreensão da realidade. (Rosanvallon, Pierre. Le monde diplomatique , maio, 2006. Apud: Novaes, Adauto. "Intelectuais em tempo de incerteza" In: O silêncio dos intelectuais . São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 11)

Clarice

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Eco - Performances Poéticas

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Ódio consolador

"Um padre que fora feito prisioneiro levou um órfão alemão para o centro. Ele o segurava pela mão, orgulhoso, explicava como o encontrara e que aquela pobre criança não tinha culpa de nada. As mulheres olhavam com maus olhos. Ele já se arrogava o direito de perdoar, de absolver. Indiferente à dor, à espera. Permitia-se perdoar, absolver, ali, imediatamente, ato contínuo, sem ter a mínima noção do ódio que imperava, terrível e bom, consolador como uma fé em Deus." (Marguerite Duras: A dor )

15 anos da Adriana

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Da esquerda para direita: Jandira, Padre Sebastião, Adriana, Sebastião, Izildinha e eu (Vand)

Ler Recortar Colar (Links)

Aqui ficam alguns links para textos cujo compartilhamento com os leitores é obrigação moral: Alan Pauls: La relación cero y la alegria Boris Groys: Deuses escravizados a guinada metafísica de Holywood Cynthia Ozick: Writers, Visible and Invisible Jonathan Franzen: "I Just Called to Say I Love You" - Cell phones, sentimentality, and the decline of public space Karel Kosik: O século de Grete Samsa: sobre a possibilidade ou a impossibilidade do trágico no nosso tempo Leandro Konder: A questão da ideologia na ficção literária Outros recorto e colo aqui no blog mesmo e podem ser encontrados na etiqueta LerRecortarColar .

Cosmologia do impreciso - orelha

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É no próximo sábado, 17, o lançamento de Cosmologia do impreciso , o quarto livro de poemas de Oswaldo Martins (na verdade é o quinto, se contarmos o primeiro, e inédito, Lapa ). Escrevi-lhe, com muito gosto, a orelha: Viver não é preciso. A poesia de Oswaldo Martins porta esse lema dos antigos argonautas por princípio. A partir daí o poeta provoca a percepção dessa imprecisa (e humana) condição, através de mapas afetivos e mordazes, poemas-instrumentos para a navegação do leitor em meio aos valores culturais e morais da herança ocidental, versos com a precisão digna dos cosmonautas de hoje, pois navegar é preciso. Mas há que se compreender a natureza da precisão nesse intenso e sofisticado trabalho. O poeta recusa, também por princípio, certa tendência mais formalizante, que costuma associar a precisão e a contenção do verso ao ascetismo da poesia. Na mão de incautos, poesia acaba sendo “verso, noves fora zero”. E a vida, mote-mor do humano, e por extensão da poesia, fica menor. Con

Esposedense mais antigo no Rio

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Caderneta do Sr. Firmino

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No futebol

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Vô Eurico e Vó Maria

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Na festa de casamento

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Frente: Verso:

Isabelle

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Vó Luisa

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Poema do Oswaldo para AleMaura

Oswaldo nos brindou ontem com esse poema: "p/ alexandre e maura (Oswaldo Martins) nos vagidos das sementes celebro-o corpo porvir as vozes perpetuadas as outras vozes que se farão ouvir."

Alguma prosa

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Saiu no último sábado esta resenha, sobre o Alguma prosa .

Poesia e Vida: Anos 70

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Lançamento em Juiz de Fora: 11/03/08. Faculdade de Letras, UFJF. 19:00

cena da sangue no altar da igreja da sé

Na missa pelos 454 anos de São Paulo, Benedito do Pagode, bêbado, invadiu a Catedral da Sé, com uma faca de cozinha enferrujada e um cavaquinho. A notícia de fato me impressionou. A indiciação mais ainda. Como comete tentativa de homicídio um sujeito que grita "Mata eu, São Paulo. Eu não quero morrer de fome."? Quer chamar a atenção. E tem motivo para isso. Não, não é só a fome. É o cavaquinho. Fiz hoje esse poema: cena de sangue no altar da igreja da sé Alexandre Faria numa das mãos faca de cozinha foi-se infiltrando o bafo da onça (benedito do pagode, vulgo Benedito de Oliveira, 45) e dos famintos à boa gente de geolhos desavergonhados mulatos governadores e conselheiros (são paulo me fez assim) papas e papisas abades e outras bestas a cuca dos bêbados o fósforo mole (mata eu são paulo eu não quero morrer de fome) o bodum das ruas imiscuiu-se (rendido preso indiciado por tentativa de homicídio) na outra cavaquinho

Três meninas do Brasil

Publicado originalmente em Aguarrás , vol. 3, n. 11. ISSN 1980-7767. Rio de Janeiro, JAN/FEV 2008. Espero rever, em 2008, numa temporada mais longa, o show Três Meninas do Brasil, o delicioso encontro entre as cantoras Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina, que no fim do ano passado rendeu apenas duas apresentações no Rio e outras duas em Brasília. Numa época em que os encontros da MPB, são cada vez menos marcantes e mais comerciais (vendem CD e DVD, mas acrescentam pouco à percepção do público, às carreiras dos artistas, ou às canções do repertório), esse show merece destaque, pois recupera e agrupa canções que levam a repensar a tradicional relação entre música popular e identidade cultural no Brasil. Esse tema, que me parece longe de estar bem resolvido em muitas de nossas produções culturais mais recentes, merece ser refletido à luz do que as três meninas cantaram, sob direção musical de Jaime Alem e artística de Jean Wyllys. A música de Moraes Moreira e Fausto

Antéchrista

Ceux qui croient que lire est une fuite sont à l'opposé de la verité: lire, c'est être mis en presence du réel dans son état le plus concentré - ce qui, bizarrement, est moins effrayant que d'avoir affaire à ses perpétuelles dilutions. [Amélie Nothomb: Antéchrista] Antéchrista (2003) é o segundo livro de A. Nothomb que leio. O primeiro foi Dicinário de nomes próprios [Robert de noms propres (2002)] De ambos ficaram isso: por trás de histórias de adolescentes complicadas o real vai sendo cada vez mais intensamente percebido como um abismo de diluições sucessivas (simulacros?) que talvez levem osujeito a experimentar uma vertigem do raso. O ritmo da escrita muitas vezes colabora para isso. O fato de as personagens serem meninas enfrentando os impasses típicos da adolescência, tentando descobrir/construir identidades, parece-me apontar para um problema de todos que, hoje, possam estar preocupados com a formação/educação de jovens. As tramas revelam (a despeito de uma delas se