Os acordes dissonantes e os imbecis
Que os intelectuais fossem os vigilantes, que alertassem, que interviessem no fórum era fundamental nas sociedades dos séculos XVIII e XIX, quando o fórum era muito pequeno, quando a liberdade de imprensa era reduzida. Voltaire tomar a palavra era decisivo. Quando o sufrágio universal não se realizava, que um escritor de renome falasse em nome dos esquecidos, dos sem voz era decisivo; (hoje) existem muitos grupos que tomam a palavra. Não há déficit de tomada de palavra em nossa sociedade. Existe, sim, déficit de compreensão. Ora, a vida intelectual concebe-se sempre como se ela fosse definida pela função de resistência, de tomada de palavra, de alerta. Mas ela se esquece de que seu verdadeiro trabalho é o trabalho da análise, de compreensão da realidade.
(Rosanvallon, Pierre. Le monde diplomatique, maio, 2006. Apud: Novaes, Adauto. "Intelectuais em tempo de incerteza" In: O silêncio dos intelectuais. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 11)
(Rosanvallon, Pierre. Le monde diplomatique, maio, 2006. Apud: Novaes, Adauto. "Intelectuais em tempo de incerteza" In: O silêncio dos intelectuais. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 11)