Ódio consolador

"Um padre que fora feito prisioneiro levou um órfão alemão para o centro. Ele o segurava pela mão, orgulhoso, explicava como o encontrara e que aquela pobre criança não tinha culpa de nada. As mulheres olhavam com maus olhos. Ele já se arrogava o direito de perdoar, de absolver. Indiferente à dor, à espera. Permitia-se perdoar, absolver, ali, imediatamente, ato contínuo, sem ter a mínima noção do ódio que imperava, terrível e bom, consolador como uma fé em Deus." (Marguerite Duras: A dor)

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