Ceux qui croient que lire est une fuite sont à l'opposé de la verité: lire, c'est être mis en presence du réel dans son état le plus concentré - ce qui, bizarrement, est moins effrayant que d'avoir affaire à ses perpétuelles dilutions. [Amélie Nothomb: Antéchrista] Antéchrista (2003) é o segundo livro de A. Nothomb que leio. O primeiro foi Dicinário de nomes próprios [Robert de noms propres (2002)] De ambos ficaram isso: por trás de histórias de adolescentes complicadas o real vai sendo cada vez mais intensamente percebido como um abismo de diluições sucessivas (simulacros?) que talvez levem osujeito a experimentar uma vertigem do raso. O ritmo da escrita muitas vezes colabora para isso. O fato de as personagens serem meninas enfrentando os impasses típicos da adolescência, tentando descobrir/construir identidades, parece-me apontar para um problema de todos que, hoje, possam estar preocupados com a formação/educação de jovens. As tramas revelam (a despeito de uma delas se
É hoje o abraço da UERJ!!!!! Estou no trampo em JF. Não poderei ir. Deixo então aqui uma reflexão para que quem puder vá. A UERJ foi uma das casas por que passei para me tornar quem sou. Nela fui aluno e professor substituto (na FFP). Me formei e trabalhei para a formação de pessoas e, mais ainda, tenho amigos de diversas áreas que lá se formaram. Não sou tão ligado às instituições, mas às pessoas é inevitável não se ligar. Estou lembrando agora dos vários amigos que tenho e que têm em comum comigo a UERJ. Cada um deles fez e faz diferença na minha vida, cada um deles, à sua maneira, demonstra uma capacidade diferenciada de interferir no cotidiano, de compreender o mundo, de pensar e de RELATIVIZAR. O descaso com essa instituição que abrigou/abriga, ensinando-aprendendo, esses amigos de que me lembro agora, não é, não pode ser - basta usar a lógica para perceber isso - resultado de uma crise econômica ou administrativa. É reflexo de uma crise (mudança) de valores sistematicamente
DALTON TREVISAN:
Otto,
Falemos mal do Grande Sertão. Rompe você ou começo eu?
La vai em pleno dó de peito: o Rosa é o herdeiro de José de Alencar, epígono do novo indianismo. Seu jagunço pomposo, guardada a distância, o mesmo índio guarani. Riobaldo, um Peri sofisticado, e Diadorim, outra virgem dos lábios de mel (as suas líricas meretrizes são perfis de Lucíola).
Um cronista genial, a mão leve de beija-flor, mas – ai de mim – romancista menor. Riobaldo não se sustenta nas alpercatas e Diadorim, coitada, é pura donzela Arabela (“já fazia tempo que eu não passava navalha na cara, contrário de Diadorim”; logo, ela fazia a barba?).
Na paisagem naturalista os tipos de um romance desgrenhado. Não é Riobaldo sem veracidade nem grandeza, epa!, que me interessa e sim o trovador do sertão: a gente, os bichos, a paisagem.
Que de variações retóricas sobre a sentença de Dostoievski – “se Deus não existe, tudo é permitido”. Como sabe enfeitar de plumas e lantejoulas o seu chorrilho de p
Dia dos professores - Lado A e lado B. Ano que vem contarei 30 anos desde quando entrei numa sala de aula, para ensinar redação, num pré-vestibular que o Sergio Vieira organizava. Eu não sabia o que estava fazendo. Mas ele, o Sergio, meu professor então, que depois se tornaria meu compadre, na época, sabia mais de mim. Hoje, vendo os posts todos do facebook, entrei numa de fazer balanço. Sinal dos tempos, de quem quer começar a descer a ladeira em paz. Pois bem. Desde então, aquele não saber o que estava fazendo se tornou escolha profissional consciente, determinada, que me levou a jogar pela janela 13 anos de um emprego "garantido e seguro no Banco do Brasil", e dar o rumo que me trouxe aqui onde hoje estou. Queria contar essa história com 2 canções. Elas falam de artistas, mas, se repararem bem nas letras, qualquer professor pode se sentir nesses lugares. LADO A: Parceiros (Francis Hime e Milton Nascimento) Com essa homenageio todos os meus. São aqueles que não ouso
Carolina Maria de Jesus (Poema de Maria Tereza, publicado no livro "Negrices em flor", Edições Toró, 2007) Comprei um sapato lindo número trinta e nove sendo que calço número quarenta e dois. Andei muito a pé, adoentei-me. Para acalmar os pés e não repetir esse ato insano fiz uma salmoura de água quente e ensinei crianças e adolescentes que não se vende o próprio sonho
O texto a seguir é o primeiro capítulo do livro No enxame , de Byung-Chul Han (Vozes, 2018). Minha sugestão é apenas trocar-lhe o título: O que é Golden Shower? Uma explicação teórica para a atual realidade política Respeito significa literalmente olhar para trás [Zurückblicken]. Ele é um olhar de volta [Rücksicht]. No trato respeitoso com os outros, controlamos o nosso observar [Hinsehen] curioso. O respeito pressupõe um olhar distanciado, um pathos da distância. Hoje, ele dá lugar a um ver sem distância, caraterístico do espetáculo. O verbo latino spectare, ao qual espetáculo remonta, é um olhar voyeurístico, ao qual falta a consideração distanciada, o respeito (respectare). A distância distingue o respectare do spectare. Uma sociedade sem respeito, sem o pathos da distância, leva à sociedade do escândalo. O respeito é o alicerce da esfera pública. Onde ele desaparece, ela desmorona. A decadência da esfera pública e a crescente ausência de respeito se condicionam