Literatura Marginal

- para o Renato Bruno -

Vejo a outra margem se aproximar. Não a curtição arembepe woodstock posto nove navilouca. Também não a onda viagem bode dos que souberam fazer bom uso do desejo do excesso do sexo e já quase todos não estão aqui para perder mais. Modernidade, nada melhor que ser maldito.

Vejo a outra margem se aproximar. Não os que souberam rezar na cartilha da maldição inventores diluidores lançadores de moda gladiadores da doxa poundiana.

A outra margem. Não a de malditos. A que não cabe no centro a vergonha o gregório o pataca e o vidigal o lima bem bêbado o meio fio travesseiro último do geraldo na lâmina-mão da satã e o roberto sem erasmo e os filhos do francisco e os netos do buarque as relíquias do brasil de novo e sempre, que o recalcado nunca pára de assombrar. E o lulalá.

A outra margem. A que os bons malditos fizeram por onde banir a da vergonha a apagar da história a dos que conjugam por cima dos panos e abaixo do equador todos os modos e tempos do furtar e do foder os que descobrem a si e desnudam as nossas vergonhas.

Vejo a outra margem se aproximar. E não há de se vender e não há de senquadrar e não há de sembonecar república temporã com o perfume das francesas e não há de se lapababelizar numa esquina esquiva da joaquim silva.

Vejo a outra margem se aproximar. Escreve aí, galera, e grafita e publica põe as idéias no lugar que a musa topa traz o bodum a bíblia no sovaco traz a metraca a larica a merda a céu aberto trava o cão crava os dentes come os homens. E vê se escapa da manchete assustada do jornal nacional.
(27/05/2006)

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