José(hífen)Rubem Fonseca

Seja no extermínio de um pedinte, no esquartejamento de uma vaca atropelada, na caça a balões, ou nas agruras de escritores e artistas, a fome se revela, no plano do corpo ou do espírito, como essa vontade de arrancar com os dentes a vida. A vida é curta, sempre foi. Talvez, esses tempos de pandemia possam apenas chamar a atenção de forma mais dramática para esse fato. Dirá outro poeta, Vinícius de Moraes, “que seja eterno enquanto dure”. A pressa nas redações, na cama, na mesa, no trabalho,  aparece então como um sintoma cruel da sociedade que Rubem Fonseca critica em sua obra. Seja na incapacidade de contemplar e de se entregar à vida compartilhada nas ruas (o que não se deve absolutamente a um vírus ou outra causa biológica) ou na leitura de um livro feita nas coxas, não é essa pressa exemplo da voracidade com que se pode devorar a vida, mas justamente o contrário. Nela perdemos a sua eternidade. 

Saiu hoje na Revista Trama, texto meu e de Andressa Marques sobre Rubem Fonseca.

Segue:
https://tramabodoque.com/2020/04/19/2020-planos-frustrados-2/



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