DALTON TREVISAN:
Otto,
Falemos mal do Grande Sertão. Rompe você ou começo eu?
La vai em pleno dó de peito: o Rosa é o herdeiro de José de Alencar, epígono do novo indianismo. Seu jagunço pomposo, guardada a distância, o mesmo índio guarani. Riobaldo, um Peri sofisticado, e Diadorim, outra virgem dos lábios de mel (as suas líricas meretrizes são perfis de Lucíola).
Um cronista genial, a mão leve de beija-flor, mas – ai de mim – romancista menor. Riobaldo não se sustenta nas alpercatas e Diadorim, coitada, é pura donzela Arabela (“já fazia tempo que eu não passava navalha na cara, contrário de Diadorim”; logo, ela fazia a barba?).
Na paisagem naturalista os tipos de um romance desgrenhado. Não é Riobaldo sem veracidade nem grandeza, epa!, que me interessa e sim o trovador do sertão: a gente, os bichos, a paisagem.
Que de variações retóricas sobre a sentença de Dostoievski – “se Deus não existe, tudo é permitido”. Como sabe enfeitar de plumas e lantejoulas o seu chorrilho de p