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Caminhos dos saberes

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Imagina um evento de extensão universitária proposto nos primeiros meses de pandemia e confinamento. Evento organizado por uma galera que se recusou a interromper o fluxo de encontros e trocas de saberes, sem fronteiras e sem limites. Literatura, teatro, história, linguagem, educação, saúde, entre outras reflexões que nos levaram a pensar e repensar as relações humanas, pedagógicas, profissionais, em aspectos que vão desde o racismo e a violência de gênero no ambiente universitário, passando pela cultura surda, o ativismo, a poesia e finalmente chegando nos métodos contraceptivos reversíveis de longa duração. Uma verdadeira festa do conhecimento foram esses encontros, para cuja abertura tive a honra de ser convidado. Naquele abril/2020 apresentei o início de um texto - “Mundo suspenso: a leitura e a presença do autor nas redes” - que viria a concluir em janeiro/2021 e que foi uma espécie de acerto de contas (provisório) com aquele ano. Agora está tudo nesse e-book Kindle, para quem qui

Prenda - Lançamento em breve

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  https://guismofews.com.br/produto/prenda/ Em Prenda: versos livres para crianças livres , há uma aproximação da poética modernista, rara em livros de poesia infantojuvenil, na qual a forma se desdobra em conteúdo. A liberdade do verso propõe também a liberdade para a vida. E essa liberdade, ensinam os poemas, deve conhecer seus limites e respeitar as diferenças. A leitura de Prenda torna-se uma importante ferramenta para viver, sentir e pensar as transformações da infância para a adolescência, que frutificarão importantes conhecimentos e condutas individuais e coletivas.

Iscariotes

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Este poema está no meu livro oourodooutro (TextoTerritório, 2018). Fala do dia de hoje, Sábado de Aleluia. Hoje, gostaria de ver um Messias pendurado em cada poste.  Sugiro que se leia ao som de "Cordilheiras", de Sueli Costa e Paulo Cesar Pinheiro.  A gravação mais famosa é a de Simone , mas antes foi registrada pela própria Sueli (em 77) e por Erasmo Carlos (78), ambas as gravações censuradas na época. iscariotes atingem-me pedras e paus estraçalham os corpos da minha legião mas sei que a dor embora passageira tem passagem perpétua bilhete de ida e volta nas mãos que carregam  a cruz e também fulminam  maltrapilhos contra os postes

Uma viagem à toda parte e ao aqui e agora

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Copio postagem de hoje do Blog da TextoTerritório:   O livro I, de Alexandre Faria , acabou de ganhar uma versão audível e agora está integrando a nossa Faixa Sonora. A gravação conta com batuque de Fabrícia Valle , que fez uma pesquisa detalhada do material linguístico do livro para propor correspondências sonoras. Uma experiência auditiva única. A obra é uma proposta de recriação em língua portuguesa das energias e dos significados dos 8 trigramas e suas combinações, que compõem os 64 Hexagramas do I Ching . A parceria entre Alexandre e Fabrícia resultou numa experiência de escuta singular, que mobiliza sentidos e sensações no diálogo entre o som das palavras e o dos instrumentos. Um lugar de escuta, contemplação e atenção plena.  Uma viagem à toda parte e ao aqui e agora. ouça

"Nos poços", de Caio Fernando Abreu

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  Publicado no livro O ovo apunhalado . 1975.

Foto de ano novo e um comentário

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Filmes que vi em 2020 - os 10 mais

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Em 2020 vi ou revi 157 filmes. Deixo aqui uma lista de 10, todos imperdíveis.  1. Baise-moi (2000) 77 min | Crime, Drama, Thriller | França Directors: Virginie Despentes, Coralie | Stars: Raffaëla Anderson, Karen Lancaume, Céline Beugnot, Adama Niane   Vale a pena, principalmente, ao lado da leitura de Teoria King Kong e, depois, na comparação do ponto de vista/perspectiva de outros filmes com o mesmo tema ditigidos por homens, tipo a série "Doce vingança" ou "A vingança de Jeniffer. 2. Cães Errantes (2013) 138 min | Drama | China Director: Ming-liang Tsai | Stars: Kang-sheng Lee, Kuei-Mei Yang, Yi-Ching Lu, Shiang-chyi Chen   A cena do pai comendo o repolho é uma das mais pungentes que já vi. Quanta dor e resiliência em planos longuíssimos. 3. A Montanha Matterhorn (2013) 87 min | Comedy, Drama | Holanda Director: Diederik Ebbinge | Stars: Ton Kas, René van 't Hof, Porgy Franssen, Ariane Schluter Impagável!! A amizade entre dois estranhos nunca foi tão delicadame

FLUP 2019 - Apresentação do capítulo

Be water, my friend (Bruce Lee) “Assim é a água” foi um dos títulos de Marcelo Yuka destinados aos concorrentes do grupo que coordenei na Flup de 2019. A canção começa com a colagem de uma famosa entrevista de Bruce Lee. Traduzo: “Esvazie sua mente, seja sem forma, sem forma, como a água. Se você colocar água em um copo, torna-se o copo. Se colocar água em uma garrafa, torna-se a garrafa. Se colocar em um bule de chá, torna-se o bule. Agora, a água pode fluir ou pode bater. Seja água, meu amigo”. Precisei (precisamos eu e o grupo) de muito Bruce Lee para a FLUP de 2019. E talvez isso só me venha à consciência agora. Num sentido, o ensinamento do mestre do Kung Fu esteve presente no aprendizado da construção de narrativas-curtas. Assim como a água se conforma em um copo, uma garrafa, um bule, a linguagem se conforma em um gênero, em diálogo com um texto original. Há nessa conformação os limites do gênero e a autonomia de um texto original. Mas, diferentemente do copo, da garraf

FLUP: Contos para depois do ódio

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Acabei de receber meus exemplares do livro "Contos para depois do ódio, inspirados nas canções de Marcelo Yuka". É mais um titulo do programa de formação de autores de Flup que entra na roda. Participo como orientador nesse processo desdea primeira Festa Literária da Periferia, em 2012. De lá pra cá já foram 21 livros e mais de 200 autores. Muitos deles já em pleno voo solo, como Geovani Martins, Ana Paula Lisboa, Jessé Andarilho, Felipe Boaventura, Raquel Oliveira, Rodrigo Santos e tantos autores e autoras que passaram por um time de primeiros leitores que tenho a honra de dividir com amigos como Cristiane Costa, Miguel Jost, Fred Coelho, para só citar os que estamos neste livro. Um fato importante nessa história é que autores, que já sentaram nos bancos de formandos das primeiras Flup, atualmente estão entre os formadores. Sinal de que devo me aposentar em breve... Sinal também de maturidade e autonomia do processo. O livro de hoje não deixa dúvida! A Flup

Os sobreviventes

Os sobreviventes Depois que tudo passar Quem sabe a menor partícula Dê a dimensão do cosmo E o corpo seja o começo Do alimento e do colo Os vivos não vão temer O que ao consumo capitula E se cala no consolo Indiferente de um folhetim Que da vida faz um dolo Vão beijar trepar sair Vão trancar as matrículas Serão bandidos absoltos Na certeza de que Deus  Esse Deus bom é Deus morto Por ora sobreviventes Na crença dos que articulam O mesmo futuro de sempre Na pena plena das redes Sonhando dentro do claustro Alexandre Faria

Video Sinais no projeto "Art in Quarantine"

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Recebi hoje o email confirmando particiação do meu video caseiro "Sinais", que fiz a partir de texto que puliquei há uns dias aqui, no projeto "Art in Quarantine". Gostei de estar lá e, especialmente, gostei desse lá . O  wr3d1ng d1g1t5  é um "colectivo de artistas #visual #digital #experimental #transdisciplinar dedicado à exploração disruptiva de pontes entre as artes, curadoria e investigação criativa". Vale muito conhecer seus trabalhos. Siga: http://wreading-digits.com   "Sinais" ficou no ponto 5950.

José(hífen)Rubem Fonseca

Seja no extermínio de um pedinte, no esquartejamento de uma vaca atropelada, na caça a balões, ou nas agruras de escritores e artistas, a fome se revela, no plano do corpo ou do espírito, como essa vontade de arrancar com os dentes a vida. A vida é curta, sempre foi. Talvez, esses tempos de pandemia possam apenas chamar a atenção de forma mais dramática para esse fato. Dirá outro poeta, Vinícius de Moraes, “que seja eterno enquanto dure”. A pressa nas redações, na cama, na mesa, no trabalho,  aparece então como um sintoma cruel da sociedade que Rubem Fonseca critica em sua obra. Seja na incapacidade de contemplar e de se entregar à vida compartilhada nas ruas (o que não se deve absolutamente a um vírus ou outra causa biológica) ou na leitura de um livro feita nas coxas, não é essa pressa exemplo da voracidade com que se pode devorar a vida, mas justamente o contrário. Nela perdemos a sua eternidade.  Saiu hoje na Revista Trama, texto meu e de Andressa Marques sobre Rubem Fonseca.

Rubem Fonseca

Trecho de matéria de Bruno Calixto que saiu hoje no Globo A matéria completa está aqui . Pesquisadora desvenda os vários 'Josés' na obra de Rubem Fonseca Para seu mestrado, defendido em 2013, a professora de literatura e pesquisadora Andressa Marques Pinto realizou um mapeamento de personagens de Rubem Fonseca que tinham como nome José, que é o primeiro nome do autor, mas pouco conhecido do público. - Pelos íntimos, ele costumava ser chamado de Zé Rubem. Com o mapeamento, pude perceber que a personagem José, do conto "A matéria do sonho", do livro Lúcia McCartney (1967), é protagonista também de outros contos, como em "A força humana", do livro "A coleira do cão" (1965), mesmo que não nomeado. Busquei demonstrar que a personagem passou, ao longo da obra, por processos de subjetivação diversos, até culminar numa espécie de autobiografia do autor, intitulada "José", livro publicado em 2011, como "desenvolvimento"

Graça

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Graça Um brinde aos brindes possíveis Um brinde ao sim e ao não Ao perto dentro distante fora Ao íntimo longe ao estranho familiar À liberdade escravidão do ódio                                        do amor Aos que não ficam em cima do muro Mas não abrem mão do caminho do meio Aos que no meio do caminho De nossas vidas se encostam E não dizem cheguei chegaste Apenas seguem. E brindam Os fazeres e a não-ação de graça Dos brindes sempre possíveis.

Leio "O amor", de Maiacovski, na Páscoa de 2020

Poço

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Salvador Dalì: Criança geopolítica observando o nascimento do homem novo Além dos sinos, sirenes. Ou polícia ou ambulância ou ambas. O canto de novas sereias repelentes. Ninguém sai no sereno. Da encomenda do meu editor, envie pequenas notas sobre a vida cultural de lá, mando esses sinais. Ainda um sos é sinal de vida. Ei, há cá corpos que a custo ficam em pé. Pilares de um mundo que vai ruindo. Enferrujam à água de ideias e palavras palavra palavras vídeos áudios memes à mancheia. A custo, na espuma dos dias, as fichas hão de cair. É vazio o infinito poço de sentidos e sentimentos. E, o melhor de tudo, é chã a certeza. E as saliências e os recônditos nas paredes e no chão do poço são para quem desconfia. Mas somos imunes à dúvida. Relógio de pulso, relógio de ponto, agenda, meeting de fusos, sol na laje ou jacuzzis quentes. Lá no alto, quando do fundo se olha pra cima, estrelas à luz, tempo absoluto, inacessíveis. O contato iniludível com o cosmo se perde cada vez que é sagr

Sinais

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Esta coimbra uma lição paisagem da janela sino-corvo. Não há o que fazer com os sinais. Oráculo i ching ou déjà-vu são silêncio. O sonho da ilha deserda, seja um vírus ou cult movie. Anjos exterminadores. De onde estou oiço sinos incansáveis. Do mosteiro de Santa Cruz? Tocam, parece, marcando as horas. Mas se as horas estão passando assim, não temos muito pela frente. Só o testemunho on line das relações de insuspeita cadência. Como os dois acordes seguidos da trilha de india song no arranjo de gota de sangue da rorô, gravação de bethânia. Ou vice versa. Não tire da minha mão esse copo não pense em mim quando calo de dor. Há um sinal em cada visto que entrega sua falsificação. Sou de ligar nenhum. Tudo fake. Mas arte o noves fora da vida. Partido de uma voz só. Testamento de partideiro. Da vida, só resta a batucada. Cada vez mais esmulambada. Um aprender a ler pra ensinar meus camaradas. Enquanto os sinos badalam como um corvo, fico aqui no não permita deus. Exílio é em qualque

Uma crônica de Carlos Augusto, sobre "venta não"

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De olho na poesia - Crônica de Carlos Augusto Corrêa Crônica de Carlos Augusto Corrêa Publicado originalmente no Blog da TextoTerritório. https://textoterritorio.blogspot.com/2020/04/de-olho-na-poesia-cronica-de-carlos.html De Olho na Poesia Alexandre Faria é desses poetas que trabalham exaustivamente a palavra e fazem uma arte elíptica. Mas elíptica ao extremo. Estou com um livro seu aqui sobre o qual já falei há muito tempo, o venta não, com minúsculas mesmo, e que é prova maior do que acabei de escrever. Seu texto conversa com a realidade externa. A Alexandre interessa o mundo essencial, de modo que as coisas superficiais se juntam a esse mundo essencial e se tornam universais. Trago aqui o primeiro poema do livro e vão reparar na inquietação de Alexandre com o ato de gozar cada momento da existência. Ao mesmo tempo frisa ser impossível penetrar o mistério. A pessoa frui o presente mas não reúne condição de estar além das horas investigando o que há além do mundo mate

Oráculo - ready-made sonoro

Oráculo - ready-made sonoro Alexandre Faria Oráculo é um ready-made sonoro. Gravação ambiente e sintetização de voz: Alexandre Faria Imagem da capa: Ilustração moderna do vetor com partículas azuis em um fundo escuro .