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Mostrando postagens de novembro, 2008

Os acordes dissonantes e os imbecis

Que os intelectuais fossem os vigilantes, que alertassem, que interviessem no fórum era fundamental nas sociedades dos séculos XVIII e XIX, quando o fórum era muito pequeno, quando a liberdade de imprensa era reduzida. Voltaire tomar a palavra era decisivo. Quando o sufrágio universal não se realizava, que um escritor de renome falasse em nome dos esquecidos, dos sem voz era decisivo; (hoje) existem muitos grupos que tomam a palavra. Não há déficit de tomada de palavra em nossa sociedade. Existe, sim, déficit de compreensão. Ora, a vida intelectual concebe-se sempre como se ela fosse definida pela função de resistência, de tomada de palavra, de alerta. Mas ela se esquece de que seu verdadeiro trabalho é o trabalho da análise, de compreensão da realidade. (Rosanvallon, Pierre. Le monde diplomatique , maio, 2006. Apud: Novaes, Adauto. "Intelectuais em tempo de incerteza" In: O silêncio dos intelectuais . São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 11)

Os livros ainda são mais cômodos?

"A indústria editorial distingue-se da de dentifrícios pelo seguinte: nela se acham inseridos homens de cultura, para os quais o fim primeiro (nos melhores casos) não é a produção de um livro para vender, mas sim a produção de valores para cuja difusão o livro surge como instrumento mais cômodo." (ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. São Paulo: Perspectiva, 1998, p. 50.) Pergunto: Os livros ainda são mais cômodos, ou nós os fazemos mesmo para vender e não para difundir valores?