Lágrima palhaça: a poesia-semante de infância e memória, por Tânia T. S. Nunes
Tania T. S. Nunes, doutoranda UFF O bote é cilada / Adverte à naja A flauta do encantador Melhor seduz / Quem se deixa dominar (p. 23) Em tempos de corpos enrijecidos e descrentes da vida, o título de um livro de poemas pode soar reticente e desafiador. A princípio, Lágrima palhaça é aquela que o mundo já não comporta, mas que insiste em rolar. Poderia ser uma lágrima escondida, envergonhada. Afinal, vivemos tempos duros, um mundo quase destituído de sentido em que a lágrima sentimental, ingênua ou de alegria já não tem mais espaço para correr e molhar nossos rostos. E, por esse caminho, adentremos a poesia de Alexandre Faria, Lágrima Palhaça (Aquela Editora, Juiz de Fora, 2012). A edição em formato de bolso sugere que a poesia seja carregada no dia-a-dia. As letras do título estão penduradas, estilo bonecos de marionetes. Desconfia-se que algo mais queira dizer... O “G” invertido aponta para um av