Caju
Caju é minha fruta predileta. E nunca o tinha visto com esses olhos. Grande Vinícius! Aqui ele mostra como pode ser fácil o materialismo racional cabralino, se a poesia se limitasse a isso (o que não quer dizer que o Cabral sempre a limite a isso). Mas não: surpreende com virilidade e sarcasmo: Soneto ao caju (Vinícius de Moraes) Amo na vida as coisas que tem sumo E oferecem matéria onde pegar Amo a noite, amo a música, amo o mar Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo. Por isso amo o caju, em que resumo Esse materialismo elementar Fruto de cica, fruto de manchar Sempre mordaz, constantemente a prumo. Amo vê-lo agarrado ao cajueiro À beira-mar, a copular com o galho A castanha brutal como que tesa: O único fruto - não fruta - brasileiro Que possui consistencia de caralho E carrega um culhão na natureza.