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Mostrando postagens de dezembro, 2007

Um Tarzan às avessas, por Paul Theroux

Acho este relato exemplar pelo absurdo naturalismo com que a narrativa põe a nu as contradições do colonialismo, os limites (às vezes impossíves de precisar) entre o Mesmo e o Outro. Não precisa ir tão longe. O atual interesse do grande público, que faz da periferia muitas vezes exótico objeto de deslumbrado interesse (saiu domingo um texto de Regina Casé sobre o assunto que rende uma boa discussão) é apenas outro exemplo. Aconteceu há 40 anos, na África, e ainda hoje penso nisso: a oportunidade, o auto-engano, o sexo, o poder, o medo, a confrontação, a estupidez, o equívoco todo da situação. O incidente serviu de material para um de meus primeiros romances e também para vários contos. Teve um quê de Primeiro Contato, o clássico encontro inesperado entre o viajante e o nativo oculto, um encontro marcado por tamanha estranheza entre seus protagonistas que, enquanto um lado vê uma aparição, o outro pressente uma oportunidade. Nunca mais consegui tirar isso da cabeça. Eu havia partido da