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Mostrando postagens de maio, 2011

O nome e a mulher

No rádio do carro hoje, todas elas juntas num só ser, do Lenine. Sempre que ouço essa canção algumas tantas coisas me ocorrem e dá vontade alinhavá-las. Não sei se vai dar costura, mas vou tentar. Uma delas é um disco que tenho em vinil. E nunca mais vi por aí. Cheguei a copiá-lo pra mp3, mas tem umas faixas arranhadas e pulando. “Há sempre um nome de mulher”. É uma produção de 86, 87, por aí, bancada pela Fundação Banco do Brasil numa campanha de aleitamento materno. Os caixas das agências do BB vendiam o álbum duplo, com pérolas da canção popular brasileira, em gravações inéditas e exclusivas. Regra da compilação – todas as canções tinham nome de mulher. De Xanduzinha a Maria de Ana Maria (a gravação do Premê é hilária) a Luisa. Tem de tudo, mas ainda falta coisa. A impressão é de que tal playlist seria infinita. A canção do Lenine dá essa mesma impressão, mas, apesar de referências internacionais, ainda assim faltam-lhe Anas e Joanas. Anas em especial. Talvez seja esse o nome

De como a ironia faz bons moços

"1920 4 de Janeiro Estou no Hospício ou, melhor, em várias dependências dele, desde o dia 25 do mês passado. Estive no pavilhão de observações, que é a pior etapa de quem, como eu, entra para aqui pelas mãos da polícia. (...) Não me incomodo muito com o hospício, mas o que me aborrece é essa intromissão da polícia na minha vida. De mim para mim, tenho certeza que não sou louco, mas devido ao álcool, misturado com toda a espécie de apreensões que as dificuldades de minha vida material há 6 anos me assoberbam,

O homem lúcido

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(do filme "Separações", de Domingos de Oliveira) O homem lúcido sabe que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que nunca se entusiasma com ela, assim como não teme a morte. O homem lúcido sabe que viver e morrer são o mesmo em matéria de valor, posto que a Vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um mal. O homem lúcido sabe que é o equilibrista na corda bamba da existência. Sabe que, por opção ou acidente, é possível cair no abismo, a qualquer momento, interrompendo a sessão do circo. Pode também o homem lúcido optar pela Vida. Aí então, ele esgotará todas as suas possibilidades. Passeará por seu campo aberto e por suas vielas floridas. Saberá ver a beleza em tudo. Terá amantes, amigos, ideais. Urdirá planos e os realizará. Resistirá aos infortúnios e até às doenças. E, se atingido por algum desses emissários, saberá suportá-los com coragem e mansidão. Morrerá o homem lúcido de causas naturais e em idade avan