é tanta MPB na minha cabeça

Minha filha,
você e seus amigos aqui em casa no almoço de domingo, se me acham alegre, não se iludam - estou bêbado. E se sambo e canto, enquanto vocês nem imaginam quem foi o tal irmão do Henfil, ou em que ombro estão hoje as estrelas frias, não sou eu quem vou contar. Muito menos me fazer de vítima pra vocês, e dizer que eu também, se não entrei de fato na porrada, ou sucumbi no calabouço, estou ainda atormentado pelas bombas de efeito moral que me davam na escola, os emc, os ospb, os epb e as educações físicas.
No fundo entendo vocês, e é com alguma ternura que me armo de meu bullyng até ontem recalcado. Mas por mais que o queira converter em coquetel molotov, sei que isso não nos levaria muito longe. Acontece que não podemos acreditar na participação. Apenas orkutamos, facebookamos como quem vota, devotos, no silêncio da urna eletrônica, pensando segundo os golpes de marketing, como se isso fosse a vida.
Felizes.
A diferença talvez seja essa - vocês dispensam, para sorrir, para cantar, algum álcool, ou outro artefato entorpecente. E eu, sem a cadência do samba não posso ficar.

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