De como ocupar o lugar do morto


à memória de Angelo Colombo


se uns mortos nos dão vida
vivos há que só assombram

nuns a fava a falha do neto
que guarda em si um avô
fica não no jeito do gesto
no traço do resto mas na gíria
nos hábitos à revelia no ímpeto
da juventude na poesia contra
sisos e tinos ganas de abrigar
nas salas vip da memória
o café com a prosa da cozinha

pedras
e galinhas do quintal


mas jabuti cágado poeta
laureado tia rica visita ilustre
que toma assento na sala principal
estofador faxineira cobrador todo
douto que nos adentra quarto
e dor vizinho que perdeu a chave
a filha mãe de família a quem faltou
sal sabão vergonha e fósforo
esses nos assombram sem pena

até na
conclusão do poema

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