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Mostrando postagens de janeiro, 2008

Poesia e Vida: Anos 70

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Lançamento em Juiz de Fora: 11/03/08. Faculdade de Letras, UFJF. 19:00

cena da sangue no altar da igreja da sé

Na missa pelos 454 anos de São Paulo, Benedito do Pagode, bêbado, invadiu a Catedral da Sé, com uma faca de cozinha enferrujada e um cavaquinho. A notícia de fato me impressionou. A indiciação mais ainda. Como comete tentativa de homicídio um sujeito que grita "Mata eu, São Paulo. Eu não quero morrer de fome."? Quer chamar a atenção. E tem motivo para isso. Não, não é só a fome. É o cavaquinho. Fiz hoje esse poema: cena de sangue no altar da igreja da sé Alexandre Faria numa das mãos faca de cozinha foi-se infiltrando o bafo da onça (benedito do pagode, vulgo Benedito de Oliveira, 45) e dos famintos à boa gente de geolhos desavergonhados mulatos governadores e conselheiros (são paulo me fez assim) papas e papisas abades e outras bestas a cuca dos bêbados o fósforo mole (mata eu são paulo eu não quero morrer de fome) o bodum das ruas imiscuiu-se (rendido preso indiciado por tentativa de homicídio) na outra cavaquinho

Três meninas do Brasil

Publicado originalmente em Aguarrás , vol. 3, n. 11. ISSN 1980-7767. Rio de Janeiro, JAN/FEV 2008. Espero rever, em 2008, numa temporada mais longa, o show Três Meninas do Brasil, o delicioso encontro entre as cantoras Jussara Silveira, Rita Ribeiro e Teresa Cristina, que no fim do ano passado rendeu apenas duas apresentações no Rio e outras duas em Brasília. Numa época em que os encontros da MPB, são cada vez menos marcantes e mais comerciais (vendem CD e DVD, mas acrescentam pouco à percepção do público, às carreiras dos artistas, ou às canções do repertório), esse show merece destaque, pois recupera e agrupa canções que levam a repensar a tradicional relação entre música popular e identidade cultural no Brasil. Esse tema, que me parece longe de estar bem resolvido em muitas de nossas produções culturais mais recentes, merece ser refletido à luz do que as três meninas cantaram, sob direção musical de Jaime Alem e artística de Jean Wyllys. A música de Moraes Moreira e Fausto

Antéchrista

Ceux qui croient que lire est une fuite sont à l'opposé de la verité: lire, c'est être mis en presence du réel dans son état le plus concentré - ce qui, bizarrement, est moins effrayant que d'avoir affaire à ses perpétuelles dilutions. [Amélie Nothomb: Antéchrista] Antéchrista (2003) é o segundo livro de A. Nothomb que leio. O primeiro foi Dicinário de nomes próprios [Robert de noms propres (2002)] De ambos ficaram isso: por trás de histórias de adolescentes complicadas o real vai sendo cada vez mais intensamente percebido como um abismo de diluições sucessivas (simulacros?) que talvez levem osujeito a experimentar uma vertigem do raso. O ritmo da escrita muitas vezes colabora para isso. O fato de as personagens serem meninas enfrentando os impasses típicos da adolescência, tentando descobrir/construir identidades, parece-me apontar para um problema de todos que, hoje, possam estar preocupados com a formação/educação de jovens. As tramas revelam (a despeito de uma delas se