Ceux qui croient que lire est une fuite sont à l'opposé de la verité: lire, c'est être mis en presence du réel dans son état le plus concentré - ce qui, bizarrement, est moins effrayant que d'avoir affaire à ses perpétuelles dilutions. [Amélie Nothomb: Antéchrista] Antéchrista (2003) é o segundo livro de A. Nothomb que leio. O primeiro foi Dicinário de nomes próprios [Robert de noms propres (2002)] De ambos ficaram isso: por trás de histórias de adolescentes complicadas o real vai sendo cada vez mais intensamente percebido como um abismo de diluições sucessivas (simulacros?) que talvez levem osujeito a experimentar uma vertigem do raso. O ritmo da escrita muitas vezes colabora para isso. O fato de as personagens serem meninas enfrentando os impasses típicos da adolescência, tentando descobrir/construir identidades, parece-me apontar para um problema de todos que, hoje, possam estar preocupados com a formação/educação de jovens. As tramas revelam (a despeito de uma delas se
Fiz semana passada uma resenha do livro Noite Americana Doris Day by Night, de Ronaldo Werneck . Logo será publicada e eu mando notícias. Este é só para colar pedaço que sobrou. Idéias a se discutir: A poesia doa anos 70, especialmente a dos pós-tropicalistas e a da chamada geração mimeógrafo, ainda carece de uma avaliação crítica que supere um tradicional procedimento comparativo e dicotômico, insuficiente para compreendê-la e largamente difundido entre o senso comum. Segundo essa tradição crítica, a poética de então abandona a dureza do verso, herança cabralina, ou recusa o rigoroso exercício experimental que tem na poesia concreta apenas uma (a de política literária mais influente) das tendências que antecederam aquela década. Ao contrário dessa leitura, pode-se entender que há outra espécie de rigor e esmero no verso que escolhe andar junto ao acaso, como se fosse a única forma (a mais verdadeira pelo menos) de a poesia mimetizar a vida. Contrariamente ao que se pode pensar de uma
Dentre tantas imagens dos cartazes que foram fotografados e postados nas redes sociais, durante as últimas semanas, duas em especial me chamam a atenção. Parece que são casos evidentes de que as imagens falam por si, mas creio que devamos falar mais sobre elas. Foto: Regina Dalcastagnè São cartazes que parecem não estar exatamente no centro das demandas defendidas nas manifestações (embora eu vá aqui opinar que estejam); são exóticos em relação aos gritos gerais das ruas, que, grosso modo, ressumem-se no “Fora PT”, do lado deles, e no “Não vai ter golpe”, do lado em que estou (percebam – aqui não dá pra ter “um” e “outro”, até porque o outro sou eu). No entanto, em seus exotismos, trazem alguns pontos que ganham relevo quando são colocados lado a lado. Ambos reacendem a memória da violência perpetrada pela última ditadura que assolou o país, ambas trazem à tona os arcanos do enforcado e da morte. Mas, diametralmente opostas, enquanto a deles manifesta o desejo da mort
É hoje o abraço da UERJ!!!!! Estou no trampo em JF. Não poderei ir. Deixo então aqui uma reflexão para que quem puder vá. A UERJ foi uma das casas por que passei para me tornar quem sou. Nela fui aluno e professor substituto (na FFP). Me formei e trabalhei para a formação de pessoas e, mais ainda, tenho amigos de diversas áreas que lá se formaram. Não sou tão ligado às instituições, mas às pessoas é inevitável não se ligar. Estou lembrando agora dos vários amigos que tenho e que têm em comum comigo a UERJ. Cada um deles fez e faz diferença na minha vida, cada um deles, à sua maneira, demonstra uma capacidade diferenciada de interferir no cotidiano, de compreender o mundo, de pensar e de RELATIVIZAR. O descaso com essa instituição que abrigou/abriga, ensinando-aprendendo, esses amigos de que me lembro agora, não é, não pode ser - basta usar a lógica para perceber isso - resultado de uma crise econômica ou administrativa. É reflexo de uma crise (mudança) de valores sistematicamente
para Julio Diniz, hoje à memória de Ericson Pires, sempre Promessa e presença. Há uma canção de Caetano Veloso que articula brilhantemente esses dois termos. Diz a letra: "a tua presença mantém sempre teso o arco da promessa". A alusão bíblica é recorrente. Mas a maneira como o compositor a elabora parece bastante singular. Transgressora em relação ao senso comum que, até mesmo por inspiração religiosa (ou metafísica), concebe a vida como promessa do que está ausente. Ignora a evidência da presença e compreende a realidade através de ideias, projeções. Deus, essência, verdade, beleza etc. Promessas. Outra canção famosa exemplifica bem isso: tudo viver a teu lado com o arco da promessa no azul pintado pra durar, diz o amor de índio de Beto Guedes. O arco da promessa garante a duração. É a promessa de quê? De futuro, de eternidade, de um tempo-espaço onde caiba o tudo a viver. Eis a fenda por onde a ausência se infiltra. Amar o sonho, mais que a vida. O amor mais que o am
Para Clarice Para meus irmãos Não lamento se não ficam os pais Só ensinariam a tristeza (a mentira) que é ficar Estrada é a companheira mais fiel Mas nem por isso lhe dou trela É antes pela alegria de perder que há caminho E para que Amor sobreviva ao abandono
DALTON TREVISAN:
Otto,
Falemos mal do Grande Sertão. Rompe você ou começo eu?
La vai em pleno dó de peito: o Rosa é o herdeiro de José de Alencar, epígono do novo indianismo. Seu jagunço pomposo, guardada a distância, o mesmo índio guarani. Riobaldo, um Peri sofisticado, e Diadorim, outra virgem dos lábios de mel (as suas líricas meretrizes são perfis de Lucíola).
Um cronista genial, a mão leve de beija-flor, mas – ai de mim – romancista menor. Riobaldo não se sustenta nas alpercatas e Diadorim, coitada, é pura donzela Arabela (“já fazia tempo que eu não passava navalha na cara, contrário de Diadorim”; logo, ela fazia a barba?).
Na paisagem naturalista os tipos de um romance desgrenhado. Não é Riobaldo sem veracidade nem grandeza, epa!, que me interessa e sim o trovador do sertão: a gente, os bichos, a paisagem.
Que de variações retóricas sobre a sentença de Dostoievski – “se Deus não existe, tudo é permitido”. Como sabe enfeitar de plumas e lantejoulas o seu chorrilho de p
Dia dos professores - Lado A e lado B. Ano que vem contarei 30 anos desde quando entrei numa sala de aula, para ensinar redação, num pré-vestibular que o Sergio Vieira organizava. Eu não sabia o que estava fazendo. Mas ele, o Sergio, meu professor então, que depois se tornaria meu compadre, na época, sabia mais de mim. Hoje, vendo os posts todos do facebook, entrei numa de fazer balanço. Sinal dos tempos, de quem quer começar a descer a ladeira em paz. Pois bem. Desde então, aquele não saber o que estava fazendo se tornou escolha profissional consciente, determinada, que me levou a jogar pela janela 13 anos de um emprego "garantido e seguro no Banco do Brasil", e dar o rumo que me trouxe aqui onde hoje estou. Queria contar essa história com 2 canções. Elas falam de artistas, mas, se repararem bem nas letras, qualquer professor pode se sentir nesses lugares. LADO A: Parceiros (Francis Hime e Milton Nascimento) Com essa homenageio todos os meus. São aqueles que não ouso
Carolina Maria de Jesus (Poema de Maria Tereza, publicado no livro "Negrices em flor", Edições Toró, 2007) Comprei um sapato lindo número trinta e nove sendo que calço número quarenta e dois. Andei muito a pé, adoentei-me. Para acalmar os pés e não repetir esse ato insano fiz uma salmoura de água quente e ensinei crianças e adolescentes que não se vende o próprio sonho
Li hoje dois poemas e meio no lançamento do "Baião de uma". Dois orbitais, o do André Monteiro e o da Fabrícia. O outro foi esse, que ainda não terminei: